segunda-feira, setembro 28, 2009

Yoga da Voz do Trabalho_de Fátima Camargo_set 2009

Yoga da Voz do trabalho
O que posso aplicar dos ensinamentos sobre Yoga da Voz no meu trabalho como psicoterapeuta
* Fátima Camargos

Nesses quatro anos e meio considero-me feliz aprendiz da arte da escuta e da afinação. Nesse vasto mundo da música e do canto estou permitindo que minha vida tenha sons, cores, sabores, pausas e silêncios. Gostaria de passar adiante com a intenção de inspirar alguns, coisas que aprendi e que são aplicadas no trabalho que desenvolvo como psicóloga clínica. São elas:
A arte de ser ouvinte, percebendo nuances de tons, sentindo a textura da voz e os trinados-suspiros vindos de recônditos profundos, a voz de criança que surge de repente anunciando outro momento.
A percepção do corpo sonoro que resulta de práticas de respiração profunda e relaxamento dos bloqueios abrindo os espaços internos e dando passagem ao som. O corpo como uma flauta é uma imagem a ser vivenciada. Para muitos que desaprenderam a respirar ou para aqueles que estão contidos, o canto permite “acordar” e revitalizar o corpo.
Transitar pelos ritos e mitos das culturas ancestrais, ritmos, melodias, sonoridades, permite explorar nossos personagens míticos e dar espaço para as manifestações criativas latentes em nosso Ser.
O enfoque no crescimento pessoal acontecendo com a alegria e vitalidade que advém do exercício da criatividade, usando todas as expressões artísticas em seus diversos contextos culturais. Ou seja, os talentos individuais expressos de forma física através da dança, do teatro, da pintura, da escultura, da fotografia, da música instrumental, do canto, da costura e do bordado, de arranjos florais, de estórias contadas, dentre outras expressões.
O esquecimento de si quando não há você nem eu, mas somente o silêncio do eterno. Ser um mero instrumento para algo grandioso, a música que vem do silêncio, revela a estreiteza da nossa visão de “eu”, da ilusão do poder pessoal.
A alegria de ser cantante. Cantar é alquimia que usa o sopro para transmutar o “chumbo em ouro”. A pronúncia correta de sons sagrados, como AUM e OM, segundo palavras de Harvey Spencer Lewis (**), “tem um efeito imediato pelos canais do som na boca e na cabeça, sobre as glândulas pineal e pituitária e até mesmo sobre a tireóide”. Trazer pois, para o dia-a-dia, o cuidado com as palavras ditas, sabendo que os sons criam realidades.
A plena atenção ao momento presente. A voz segue o ar e a mente segue a voz e, seguindo nesse estado de atenção e escuta, a prática da meditação sônica favorece a união dos níveis físico, mental e espiritual: o Yoga da voz.
A intenção de unir o corpo, a mente e o espírito põem em movimento o mecanismo da descoberta e pode ser que aconteça um vislumbre da Consciência Cósmica, a união com o Todo indivisível.
Nesse estado de potencialidades poderemos dar, como humanidade, um salto evolutivo, ao percebermos que não estamos isolados. Acredito que essa é a cura para os males que nos afligem: a depressão, o sentimento de desamparo, de fracasso e de culpa.
Estou no caminho, com alegria e gratidão, com a responsabilidade de fazer escolhas construtivas e aproveitando as chances de oferecer algo. Agradeço esta oportunidade.

O compositor me disse.


* Maria de Fátima Andrade Camargos é psicóloga, aluna veterana da Escola Vox Mundi de Educação Vocal e praticante do Yoga da Voz

** Artigo: Sons sagrados, publicado na Revista Rosacruz- Edição especial- Nº 269, Inverno 2009, pags, 34 a 38.

Nenhum comentário: